CAPÍTULO OITAVO [leia aqui o capítulo 7]
(um capítulo muy vago)
(Musical incidental)
Narrador – Após várias reclamações, duas ou três citações judiciais, quatro coquetéis Motov, bilhetes anônimos, emails agressivos, donas de casa chorosas, bêbados violentos, greve dos lixeiros aqui no bairro, ameaça de abandono do lar por parte de minha amantíssima esposa, notas baixas dos meus filhos na escola, olhares ameaçadores de minha sogra que vive em casa a vinte três anos, onze meses, três semanas, dois e onze horas, palpites impertinentes de meus cunhados que foram lá pro fim de semana no sete de setembro de 1999, vamos dar prosseguimento à nossa misteriosa novela (música retumbante) – O Crime Misterioso Do Bandido Criterioso.
(música de mistério)
Narrador – Mas antes vamos a um brevíssimo resumo. Sabemos que:
Há um criminoso matando pessoas, e que
- Ele sempre deixa réplicas baratas de pirâmides, e que:
- O Delegado Dr. Epiphanio Luzico delegado linha-dura de outros tempos e na verdade um pau mandado da esposa que o proíbe de beber, fumar, fazer tatuagem e usar um piercing, e que:
- Eriberto da Costa servidor público mal remunerado é explorado de forma vil por seu superior, o supracitado Dr. Epiphanio Luzico, um déspota incapaz. Eriberto da Costa trás no corpo e nos órgãos internos as marcas da sevícia a que se submete, tendo adquirido uma cirrose hepática por conta das altas taxa de uísque que bebe durante o dia, uma infecção de pele causada pelas tatuagens, uma cicatriz horrenda na barriga por causa do piercing que lhe inflamou o umbigo. Cultiva um enfisema pulmonar por causa dos cigarros que Dr. Epiphanio Luzico o obriga a fumar sem parar, e que:
- Até agora, nem esse locutor que graciosamente vos fala, conseguiu entender o que vieram fazer aqui os personagens Legina Herena e Régio Campos D’Orvalho do núcleo popular nessa história. Terão eles algo de pertinente a nos mostrar? Ou simplesmente estão aqui por conta da cota de personagens diferenciados em novelas?
- Será que antes do capítulo dez esse hediondo crime será solucionado?
- Será que minha voltará ao normal um dia? Será que enfim os parasitas que habitam meu lar – e aqui não me refiro a cupins, moscas, baratas, pernilongos, mosquitos, as pulgas do cachorro da minha sogra – irão embora? Será que superarei minha baixa auto-estima e mudarei de emprego? Ganharei o bolão que fiz com o porteiro da rádio e poderei curtir um fim de semana em SãoVicente?
Narrador – Sigamos, no capítulo anterior Eriberto da Costa recuperava-se de uma mal sucedida cirurgia de circuncisão e delirava palavras sem nexos fazendo-nos crer que ele seria o misterioso bandido criterioso, quando(interrompido)
(som de sirene de ponto)
(música incidental)
Narrador – Mas como? Já acabou o tempo? Mas praticamente nem houve o capítulo de hoje…
(toca o telefone)
Narrador – Mas estou tão perdido quanto nossos ouvintes…
(toca o telefone)
Narrador – Como poderei ir para casa sem saber o que aconteceu no capítulo que não houve hoje?
(toca o telefone)
Narrador – Quando terminarei um capítulo sem esse telefone tocando sem parar?
(toca o telefone)
(música incidental)
Narrador – Alô! Como? Eu não falei nada sobre o marciano?
(música incidental)
FIM DO CAPÍTULO OITAVO