O CRIME MISTERIOSO DO BANDIDO CRITERIOSO – roberto prado e alexandre costa

Publicado em

CAPÍTULO OITAVO [leia aqui o capítulo 7]

(um capítulo muy vago)
(Musical incidental)

Narrador – Após várias reclamações, duas ou três citações judiciais, quatro coquetéis Motov, bilhetes anônimos, emails agressivos, donas de casa chorosas, bêbados violentos, greve dos lixeiros aqui no bairro, ameaça de abandono do lar por parte de minha amantíssima esposa, notas baixas dos meus filhos na escola, olhares ameaçadores de minha sogra que vive em casa a vinte três anos, onze meses, três semanas, dois e onze horas, palpites impertinentes de meus cunhados que foram lá pro fim de semana no sete de setembro de 1999, vamos dar prosseguimento à nossa misteriosa novela (música retumbante) – O Crime Misterioso Do Bandido Criterioso.

(música de mistério)

Narrador – Mas antes vamos a um brevíssimo resumo. Sabemos que:

 Há um criminoso matando pessoas, e que

  1. Ele sempre deixa réplicas baratas de pirâmides, e que:
  2. O Delegado Dr. Epiphanio Luzico delegado linha-dura de outros tempos e na verdade um pau mandado da esposa que o proíbe de beber, fumar, fazer tatuagem e usar um piercing, e que:
  3. Eriberto da Costa servidor público mal remunerado é explorado de forma vil por seu superior, o supracitado Dr. Epiphanio Luzico, um déspota incapaz. Eriberto da Costa trás no corpo e nos órgãos internos as marcas da sevícia a que se submete, tendo adquirido uma cirrose hepática por conta das altas taxa de uísque que bebe durante o dia, uma infecção de pele causada pelas tatuagens, uma cicatriz horrenda na barriga por causa do piercing que lhe inflamou o umbigo. Cultiva um enfisema pulmonar por causa dos cigarros que Dr. Epiphanio Luzico o obriga a fumar sem parar, e que:
  4. Até agora, nem esse locutor que graciosamente vos fala, conseguiu entender o que vieram fazer aqui os personagens Legina Herena e Régio Campos D’Orvalho do núcleo popular nessa história. Terão eles algo de pertinente a nos mostrar? Ou simplesmente estão aqui por conta da cota de personagens diferenciados em novelas?
  5. Será que antes do capítulo dez esse hediondo crime será solucionado?
  6. Será que minha voltará ao normal um dia? Será que enfim os parasitas que habitam meu lar – e aqui não me refiro a cupins, moscas, baratas, pernilongos, mosquitos, as pulgas do cachorro da minha sogra – irão embora? Será que superarei minha baixa auto-estima e mudarei de emprego? Ganharei o bolão que fiz com o porteiro da rádio e poderei curtir um fim de semana em SãoVicente?

Narrador – Sigamos, no capítulo anterior Eriberto da Costa recuperava-se de uma mal sucedida cirurgia de circuncisão e delirava palavras sem nexos fazendo-nos crer que ele  seria o misterioso bandido criterioso, quando(interrompido)

(som de sirene de ponto)
(música incidental)

Narrador – Mas como? Já acabou o tempo? Mas praticamente nem houve o capítulo de hoje…

(toca o telefone)

Narrador – Mas estou tão perdido quanto nossos ouvintes…

(toca o telefone)

Narrador – Como poderei ir para casa sem saber o que aconteceu no capítulo que não houve hoje?

(toca o telefone)

Narrador – Quando terminarei um capítulo sem esse telefone tocando sem parar?

(toca o telefone)
(música incidental)

Narrador – Alô! Como? Eu não falei nada sobre o marciano?

(música incidental)

FIM DO CAPÍTULO OITAVO

O CRIME MISTERIOSO DO BANDIDO CRITERIOSO – roberto prado e alexandre costa

Publicado em

CAPÍTULO SEXTO – (LEIA AQUI O CAPÍTULO CINCO)

(canto de pássaros)
(som de harpa)
(sinos de ventos)

Eriberto da Costa – (bocejando) – Me Deus eu adoro os sons de sexta-feira (aumenta o volume dos cantos de pássaros) – Somente às sextas-feiras me sinto um ser humano outra vez (toca o telefone) (murmura) Meu bom Deus que seja o Dr. Epiphanio, que não seja o Dr. Epiphanio….

Eriberto da Costa – Alô! Dr. Epiphanio Luzico! (som de agulha arranhando o disco, pára os cantos de pássaros, a harpa e os sinos de ventos), pode falar Doutor. (ele soluça baixinho enquanto fala) O que senhor manda hoje? Como outro corpo? Outra pirâmide? Como? Agora é uma pirâmide Maia? Como Doutor? Por favor, o senhor pode repetir mais lentamente, por favor, parece que não entendi suas últimas palavras… (vinheta de suspense) o senhor quer que eu faça o quê? (vinheta de suspense mais lata) Uma o quê? (vinheta de suspense mais alta ainda) Não doutor Epiphanio, tudo menos isso… Como? Isso é nome de uma novela famosa? Não estou falando de novela Doutor Epiphanio, estou falando de sua pedido estapafúrdio… Onde eu aprendi essa palavra? Isso não vem ao causo doutor Epiphanio… Não Doutor Epiphanio, não estou discutindo suas ordens doutor… Doutor hoje é sexta-feira… Mas doutor… Mas doutor… Sim senhor, eu sei que o senhor é o meu patrão doutor, mas… (chorando) Está certo doutor. Onde é o endereço? Estou anotando doutor… Mas doutor… Doutor entenda eu católico apostólico romano fui coroinha na infância, minha mãe é filha de Maria… (soluçando loucamente) Está certo, está certo vou ao consultório me submeter à circuncisão em seu nome… Mas doutor ainda nem passou a dor da sua tatuagem de sereia em minhas costas… Como? Sim, e sei que seu casamento estáem risco.. Sim me preocupo com o senhor sim, não, não doutor não assim tão egoísta.. Está bem doutor, já estou indo…

(toca a marcha fúnebre de chopin)

Eriberto da Costa – Eu detesto as sexta-feiras também assim como detesto todos os outros dias, meses e todos os anos que me faltam para a aposentadoria…

(toca a marcha fúnebre de chopin em fade-out)
(buzinas de carros, gritos e vozes na rua)

Eriberto da Costa– Ainda pulo embaixo de um carro desses um dia basta mais um pedido estapafúrdio do Doutor Epiphanio e juro por esse sol que me “alumia” que eu me jogo embaixo de uma caminhão… (som de forte de trovoada) – até sol me trai, até o sol…

Locutor – E assim meditabundo, sentindo presa dos piores presságios Eriberto da Costa segue para o consultório do Urologista do Doutor Epiphanio Luzico quando tropeça em algo (som de lata sendo chutada).

Eriberto da Costa – Mas o que será isso? (vinheta de suspense) – Mas não pode ser, não, não poder, mas não poder ser de jeito nenhum o que eu estou pensando que isso venha a ser… (vinheta de suspense) Mas por todos os diabos do inferno, isso, isso aqui, isso aqui é uma… (som de ônibus, buzinas, gritos e vozes da rua) Preciso falar urgente mente com o Doutor Epiphanio imediatamente após a recuperação da cirurgia.

FIM DO CAPÍTULO SEXTO

O CRIME MISTERIOSO DO BANDIDO CRITERIOSO – roberto prado e alexandre costa

Publicado em

CAPÍTULO SEXTO (leia aqui o capíulo V)

 

(canto de pássaros)
(som de harpa)
(sinos de ventos)

Eriberto da Costa – (bocejando) – Me Deus eu adoro os sons de sexta-feira (aumenta o volume dos cantos de pássaros) – Somente às sextas-feiras me sinto um ser humano outra vez (toca o telefone) (murmura) Meu bom Deus que seja o Dr. Epiphanio, que não seja o Dr. Epiphanio….

Eriberto da Costa – Alô! Dr. Epiphanio Luzico! (som de agulha arranhando o disco, pára os cantos de pássaros, a harpa e os sinos de ventos), pode falar Doutor. (ele soluça baixinho enquanto fala) O que senhor manda hoje? Como outro corpo? Outra pirâmide? Como? Agora é uma pirâmide Maia? Como Doutor? Por favor, o senhor pode repetir mais lentamente, por favor, parece que não entendi suas últimas palavras… (vinheta de suspense) o senhor quer que eu faça o quê? (vinheta de suspense mais lata) Uma o quê? (vinheta de suspense mais alta ainda) Não doutor Epiphanio, tudo menos isso… Como? Isso é nome de uma novela famosa? Não estou falando de novela Doutor Epiphanio, estou falando de sua pedido estapafúrdio… Onde eu aprendi essa palavra? Isso não vem ao causo doutor Epiphanio… Não Doutor Epiphanio, não estou discutindo suas ordens doutor… Doutor hoje é sexta-feira… Mas doutor… Mas doutor… Sim senhor, eu sei que o senhor é o meu patrão doutor, mas… (chorando) Está certo doutor. Onde é o endereço? Estou anotando doutor… Mas doutor… Doutor entenda eu católico apostólico romano fui coroinha na infância, minha mãe é filha de Maria… (soluçando loucamente) Está certo, está certo vou ao consultório me submeter à circuncisão em seu nome… Mas doutor ainda nem passou a dor da sua tatuagem de sereia em minhas costas… Como? Sim, e sei que seu casamento estáem risco.. Sim me preocupo com o senhor sim, não, não doutor não assim tão egoísta.. Está bem doutor, já estou indo…

(toca a marcha fúnebre de chopin)

Eriberto da Costa – Eu detesto as sexta-feiras também assim como detesto todos os outros dias, meses e todos os anos que me faltam para a aposentadoria…

(toca a marcha fúnebre de chopin em fade-out)
(buzinas de carros, gritos e vozes na rua)

Eriberto da Costa– Ainda pulo embaixo de um carro desses um dia basta mais um pedido estapafúrdio do Doutor Epiphanio e juro por esse sol que me “alumia” que eu me jogo embaixo de uma caminhão… (som de forte de trovoada) – até sol me trai, até o sol…

Locutor – E assim meditabundo, sentindo presa dos piores presságios Eriberto da Costa segue para o consultório do Urologista do Doutor Epiphanio Luzico quando tropeça em algo (som de lata sendo chutada).

Eriberto da Costa – Mas o que será isso? (vinheta de suspense) – Mas não pode ser, não, não poder, mas não poder ser de jeito nenhum o que eu estou pensando que isso venha a ser… (vinheta de suspense) Mas por todos os diabos do inferno, isso, isso aqui, isso aqui é uma… (som de ônibus, buzinas, gritos e vozes da rua) Preciso falar urgente mente com o Doutor Epiphanio imediatamente após a recuperação da cirurgia.

O CRIME MISTERIOSO DO BANDIDO CRITERIOSO – roberto prado e alexandre costa

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QUARTO CAPÍTULO – {LEIA AQUI O TERCEIRO CAPÍTULO}

(Passos correndo)
(porta batendo)
(tosse engasgada)

Régio Campos D’Orvalho (arfando) – Legina, Legina, você não acredita no que me aconteceu na rua, eu estava fazendo malabarismo com aquele vaso de cristal da sua avó quando… (interrompido)

Legina Herena – … Você quebrou o vaso de cristal de minha bisa, veja bem, bisavó? Estava guardando aquela relíquia para por no prego e você quebrou… (interrompida)

Régio Campos D’Orvalho – Quebrei nada mulher, quebrei nada, não me interrompa quando estou falando com você… (interrompido)

Legina Herena – Régio com quem você pensa que está falando, com quem me diga? Vamos devolva-me o vaso de minha bisavó antes que eu te mostre o que é mesmo um acidente tendo você, você mesmo, como a principal e única vítima, seu traste dos… (interrompida)

 (Música incidental)

 Locutor – Como parece, a discussão do casal vai longe e o tempo urge, vamos interromper essa cena e vamos focar nossas atenções para o fulcro desse drama.

 (Música incidental)

 Eriberto da Costa (choro e ranger de dentes) – Márcio, Márcio não volte prá Marte, sem você nunca mais vou resolver um crime, Márcio você é o único amigo que eu tenho nesse mundo, Márcio sem você não terei coragem para fazer a tatuagem de sereia em minhas costas… (choro e ranger de dentes)

(som de copo sendo cheio)
(som de líquido sendo engolido)

Eriberto da Costa – De volta aos mistérios, às pistas, às taras do meu chefe, aos seus cigarros que esse covarde tem medo de fumar, a uísque que ele tem medo de beber e mais tarde à tatuagem que a mulher dele o proíbe de fazer… Márcio você tinha me prometido levar para marte… Como diria minha prima Legina Herena, vocês homens são todos iguais…

(música triste, choro, soluço)

Locutor – O que será que Régio Campos D’Orvalho iria contar para Legina Herena? Teria intuído algum ouvinte que Legina Herena era prima de Eriberto da Costa? Em meio a tantos dramas paralelos haverá tempo hábil para Dr. Epiphanio Luzico desvendar esse terrível crime hediondo?

(música incidental muito dramática)

FIM DO QUARTO CAPÍTULO

O CRIME MISTERIOSO DO BANDIDO CRITERIOSO – roberto prado e alexandre costa

Publicado em

{LEIA AQUI O CAPÍTULO I}

CAPÍTULO II

(Som de badaladas de um carrilhão)
[na delegacia: 9:50h da manhã do dia seguinte]

Dr. Epiphanio Luzico (espantado) Eriberto veja essa notícia ocorreu outro crime bárbaro esta madrugada na esquina da Rua Rego Souto com a Rua Das Caixas. Mas dessa vez a vítima estava marcada a faca com as iniciais BB… (interrompido por Eriberto)

Eriberto da Costa – Meu DEUS, agora o Banco do Brasil está mutilando os inadimplentes?

Dr. Epiphanio Luzico – Deixe de ser idiota Eriberto, se os bancos pudessem fazer isso, o que poderiam fazer os delegados com seus assistentes? Deixe-me terminar de ler a notícia. Ouça com atenção as iniciais estavam exatamente no local do coração. Veja Eriberto sua Besta, este é um crime totalmente diferente de tudo que já presenciei em meus 45 anos de serviços prestados como policial.

Eriberto da Costa – Com certeza um crime misterioso Dr. Epiphanio! – diz estourando uma bola de chiclete.

 (música de suspense enquanto o comentarista fala)

Comentarista – Eriberto é investigador de polícia e menino de recados do Dr. Epiphanio desde que começou a trabalhar na delegacia, há quinze anos. Eriberto guarda um segredo que nem mesmo Dr. Epiphanio sabe ou imagina saber.

(baixa a música)
(som de um punho batendo no tampo da mesa)

Dr. Epiphanio Luzico – (rosna sarcasticamente) Sim Eriberto. Como sempre você é um mestre em dizer o óbvio o tempo todo. Antes de se manifestar gaguejando alguma estultice, prepare-me um conhaque.

(som de copo sendo cheio)

Eriberto da Costa – E isso é bom doutor Epiphanio?  (Dr. Epiphanio Luzico rosna) Devo ir investigar?

(som do copo sendo jogado contra a parede)

Dr. Epiphanio Luzico – Não! Espere aqui que o assassino deve se entregar em poucos minutos. – (começa a tossir)

Eriberto Costa – Doutor Epiphanio assim o senhor vai acabar se engasgando outra vez com a dentadura.

Dr. Epiphanio Luzico – Ora seu, seu, seu…(tosse mais forte)

(sons de passos, objetos caindo no chão, e porta batendo)
(música incidental)
(sons de tráfego, carros passando, buzinando, passarinhos)

Eriberto Costa – O Doutor está ficando velho, quando que ele deixaria que eu fosse sozinho fazer uma investigação? Daqui ainda dá para se ouvir a tosse dele (bem baixo o som de tosse) Sei não, mas acho que o doutor não chega vivo à aposentadoria…

(som de escapamento de carro)

Eriberto Costa – Meus Deus, estão querendo me matar (som de passos correndo)

(Música incidental)

FIM DO SEGUNDO CAPÍTULO